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Guerrilha do Araguaia: documentário sobre médico que morreu durante guerrilha é exibido em Brasília

'Doutor Araguaia' conta história de João Carlos Haas Sobrinho. Segundo historiador Afrânio Castro, embora grupo tenha sido militarmente derrotado, ele teve u...

Guerrilha do Araguaia: documentário sobre médico que morreu durante guerrilha é exibido em Brasília
Guerrilha do Araguaia: documentário sobre médico que morreu durante guerrilha é exibido em Brasília (Foto: Reprodução)

'Doutor Araguaia' conta história de João Carlos Haas Sobrinho. Segundo historiador Afrânio Castro, embora grupo tenha sido militarmente derrotado, ele teve um impacto simbólico na história do país. Moradores do Araguaia abordados pelo Exército no período de atuação da guerrilha Acervo O Globo Você já ouviu falar na guerrilha do Araguaia? O grupo atuou nos anos 1960 e 1970, como um movimento armado contra a ditadura militar. Segundo Afrânio Castro, historiador e professor na Universidade Católica de Brasília, embora a guerrilha tenha sido militarmente derrotada, ela teve um impacto simbólico na história do país. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Estre os membros da guerrilha estava João Carlos Haas Sobrinho, um médico gaúcho. Sua história é apresentada no documentário "Doutor Araguaia", exibido nesta terça (8), em Brasília (saiba mais abaixo). A guerrilha do Araguaia Hugo Studart fala sobre execuções durante a Guerrilha do Araguaia A guerrilha do Araguaia foi criada e liderada por membros do PCdoB. Segundo Afrânio Castro, o movimento foi uma tentativa de setores da sociedade de estabelecer um foco de guerrilha rural na região do Araguaia. 🔎 Araguaia: área que abrange Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará, e é marcada pelo Rio Araguaia. O professor explica que os guerrilheiros atuavam em pequenos grupos, buscavam apoio da população local e realizavam ações de sabotagem e combate contra as forças do Exército, durante a ditadura. O combate entre guerrilheiros e militares ocorreu na divisa dos estados de Goiás, Pará e Maranhão. Cerca de 60 pessoas desapareceram nos conflitos e a maioria nunca foi encontrada. "É fato que o episódio se tornou um símbolo para alguns setores da sociedade. No entanto, a extensão e a natureza dessa influência são temas que demandam análise crítica e ponderada", diz o professor Afrânio. 'Doutor Araguaia' João Carlos Haas Sobrinho, médico gaúcho que integrou a Guerrilha do Araguaia. Reprodução O médico João Carlos Haas Sobrinho integrou guerrilha do Araguaia e, como profissional de saúde, prestou atendimento a camponeses das regiões de Porto Franco (MA) e Xambioá (TO). Ele foi perseguido pelo regime militar e assassinado em setembro de 1972. Seus restos mortais nunca foram entregues à família. João Carlos ficou conhecido como "Doutor Araguaia", apelido que dá nome ao documentário que conta sobre sua atuação na guerrilha, e que é dirigido por Edson Cabral. O roteiro do filme é de Sônia Haas, irmã de João Carlos. Em entrevista ao g1, ela conta que a produção foi resultado de anos de pesquisa sobre o paradeiro de seu irmão. "A gente não teve o desfecho da história, não houve abertura de arquivos, não sabe quando a pessoa foi morta, quem matou. Minha vida tem sido isso, desde os meus 20 anos quando soube que meu irmão foi morto na guerrilha do Araguaia", diz Sônia. Segundo Sônia, fazer o filme foi como um "trabalho de detetive". A produção mostra lugares onde João Carlos morou e pessoas que ele ajudou. Lançado em 2024, o documentário já foi exibido em diversos estados, como Rio Grande do Sul, Maranhão, São Paulo, Tocantins e agora no Distrito Federal. "Vamos contar sua história para que ela não seja apagada", diz Sônia. Resistência na ditadura Desaparecidos Políticos que atuaram na Guerrilha do Araguaia. Acervo O Globo De acordo com o professor Afrânio Castro, o movimento de resistência na ditadura militar foi um "fenômeno multifacetado, com diversas frentes atuando em paralelo". Além da luta armada, o professor destaca: Movimento estudantil: Afrânio diz que foi uma força motriz importante, especialmente nos anos iniciais do regime. "As manifestações de 1968, como a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, evidenciaram a capacidade de mobilização dos estudantes e sua determinação em desafiar o governo vigente", explica. Movimento sindical: desempenhou um papel crucial com as greves, especialmente no final da década de 1070. "As greves do ABC Paulista, que desafiaram o modelo econômico do regime e reacenderam a luta pelos direitos trabalhistas", fala. Imprensa alternativa: jornais que ofereciam um contraponto à censura oficial, utilizando o humor e a sátira para criticar o regime. Igreja Católica: segundo Afrânio, a instituição teve um papel profético importante, "com figuras como Dom Paulo Evaristo Arns, que defenderam os direitos humanos e denunciaram o estado de coisas". Movimentos artísticos e culturais: uso da música, do teatro e outras formas de expressão artística para contestar o regime e promover a liberdade de expressão. LEIA TAMBÉM: NA CAPITAL: veja como foi a ditadura militar em Brasília CENSURA: veja como funcionava o controle na ditadura militar Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.